AS OBRAS DA NATUREZA
As obras da natureza
São de tanta perfeição,
Que a nossa imaginação
Não pinta tanta grandeza!
Para imitar a beleza
Das nuvens com suas cores
Se desmanchando em lavores
De um manto adamascado,
Os artistas com cuidado
Da arte aplicam os primores.
Brilham nos prados verdumes
De um tapete aveludado,
Brilha o rochedo escarpado,
Das penhas seus altos cumes;
Os montes formam tais gumes
Que a gente, os observando,
Vê como que se alongando
Perde-se na imensidade,
A nossa visibilidade
Os perde se está olhando.
Correndo as águas se arrastam
Tornando-se brancalhetes
E mui lindos ramalhetes
De espumas que as águas gastam.
Fugindo logo se afastam
Esses mantos de brilhantes:
São pérolas lindas galantes
Que a cachoeira as atrai,
E esta, murmurando vai
Nos chamando ignorantes.
Grandes cousas se dizia.
Só de um bosque se falando,
Mas apenas vou tocando
No que tem mais poesia,
Como a sombra que alivia
A natureza agitada!
Como a relva aveludada
Que posta em duas fileiras
Se estende nas ribanceiras
Da fonte cristalizada.
Um prado em seu verdume
Semeado de mil flores,
Com suas variadas cores,
Exalando seu perfume,
Qual o homem que presume
Pintar a tanta beleza,
Porém, toda essa grandeza,
É de Deus um privativo,
Que como sábio e ativo
Confiou-a à natureza.
Impera sobre um penedo
A águia que ali habita,
De natureza esquisita
Dominando o alto rochedo
É ave que não tem medo;
Por sua coragem impera!
Desdenha de qualquer fera
Com arroubo desmedido,
Atordoa e faz temido
Tudo quanto ali prospera.
3 comentários:
O amigo Leo é um exemplo de devoto de nossa cultura popular. Não só cultiva nossos valores populares, como também, os resguarda nos sifões da alma.
Parabéns por seu blog, que diga-se de passagem, estar num formato muito apreciável.
Acerca de Ugolino, deixo a esse gênio a missão de se expressar por si mesmo, pois seus versos são um cartão postal de seu vida e obra desse semita da alma, do sangue e das letras.
Ariel Shalom Yacob, "ASHYB"
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