sexta-feira, 2 de maio de 2008

Homem de Fogo- Por Léo Poeta





Será que podemos imaginar o que um homem precisa para ser homem?

Podemos afirmar que foi preciso evolução, o homem primitivo precisou apenas de tempo, anos e anos de evolução lutando pela sobrevivência, se aperfeiçoando, predando e sendo presa, vivendo como nômades, aprendendo com os próprios erros e se tornando cada dia mais capazes de passarem para a geração seguinte, algo novo e significativo que podesse contribuir para a perpetuação da espécie humana.
Esse primeiros homens ainda em processo evolutivo, deram de cara com o fogo, não se sabe como mas da para imaginar que no mínimo por acidente. Um pé queimado ou aquela presa que acabou de ser abatida e caiu por coinscidência justamente sobre os restos de fogo da erupção de um vulcão qualquer, e começou subir aquele cheirão de churrasco. Eu não só comeria um pedaço do gato assado, como daria um jeito de levar para a caverna umas duas brasinhas para aquecer o jantar e a noite de sono sob a possibilidade de também virar o rango de alguém.
Nesse contexto, o homem precisou de tempo e fogo, o fogo proporcionou ao homen a possibilidade de se alimentar melhor, se defender da natureza inóspita e viver mais e melhor que seus antepassados inclusive contemporâneos.
Esse "homem de fogo", evoluiu, se transformou, transformou a natureza e passou a usar tudo que podia em seu benefício, virando uma máquina de destruição em massa que já provocou estrago no mundo que só alguns milhões de anos evolutivos poderiam corrigir, tudo em nome da civilização e para o bem da humanidade.
Antes o homem precisava compreender a sí e a natureza e com o pretexto de civilizar transformou tudo que tocou em alguns casos de modo irreversível.
Se analizarmos a trajetória do homem, veremos o quão magníficos e transformadores foram os homens do passado em busca de melhorar sua condição fizeram descobertas que mudaram suas vidas para sempre, e hoje nada parece importar quando se trata de ser homem.
O homen viveu de modo selvagem,
O homen viveu de modo nômade,
O homen criou novos instrumentos que o auxiliou em sua sobrevivência, passou a viver em agrupamentos semi-nômades, começou a explorar a natureza e agricultura, criou vilarejos, estabeleceu a propriedade privada, criou exército de guerreiros para defender seu espaço e depois para ampliá-lo, criou cidades, castelos e reis, criou nações e nacionalidades a custa de revolução sagrenta e holocausto, desenvolveu a ciência,a tecnologia, criou o avião e a bomba atômica, desenvolveu a indústria, inventou a penicilina e o botox, criou nomes e marcas, e se transformou numa máquina tecnicista de consumo incansável onde o desejo supera a própria realidade individual.
O homem que tanto fez para desenvolver-se, durante sua trajetória histórica que transformou-se em um objeto manipulável, de tal modo que para ser visto como homem precisa de uma quantidade tão grande de coisas externas a ele, que tudo que ele passou historicamente, o que criou, inventou, perdeu o sentido. Os valores foram modificados, supervalorizou o imediato, tomou toda a história e a transformou na história apenas do tempo vivido.
Hoje a honra e a glória de ser homem está vinculada ao belo, ao novo, ao moderno, ao fashion e são esses conceitos de beleza que moldam toda a sociedade e servem de referência para valores humanos. Hoje as marcas tomaram o lugar da honra que passou a ser medida com o talão de cheques e o cartão de crédito, a criança desde o dia que nasce é introduzida num mundo de consumo, nomes, marcas moldes e tipos que vão gradativamente criando em sua mente, em seu imaginário o que ela precisa para ser vista, para ser normal e já percebe desde cedo que se não usar um determinado tipo de roupa, se não tiver um carro de tal modelo, falar tais gírias, gostar de tais músicas será diferente, excluído e ficará de fora, desenturmado.
Para ser homem preciso usar uma roupa transada, ter hábitos que nem sempre são os mais saudáveis, desvalorizar tudo que estiver ligado a cultura e ao conhecimento, é preciso discutir o sensacionalismo, curtir com tudo que for diferente e exclui-lo.
Fumar o cigarro que tem a melhor propaganda, tomar a cerveja que a modelo gostosona faz o comercial, fingir que sou o melhor amigo de todo mundo mesmo que na verdade eu os veja como concorrentes, aderir aos discursos da ideologia dominante e ter a sensação que vivo numa sociedade igualitária e que minha vida não é diferente do resto, tenho as mesmas oportunidades, e se não me dei bem a culpa é minha, e que eu tenho a mesma oportunidade que um filho de deputado, usar o meu trabalho para satisfazer o que a sociedade determina como certo e normal, sem perceber que é tudo uma armadilha para manter-me alienado ao ponto de trocar de roupa, de marca, de modelo constantemente e assim elevar meu ego e sustentar a elite.
Nossa sociedade cria pessoas tão desacreditadas de si, que precisam de coisas e objetos da moda para sentirem-se normais e queridos por todos, elas não se deixam ver pelo que são e sim pelo que possuem é sempre viver para parecer.
O homem atual transformou-se num out-door móvel das elites e das marcas, de graça. Estampam no peito na mente e na língua tudo que os torna felizes. No dia que as grandes marcas sacarem que os jovens disceminam suas idéias tão rápido quanto a midia e sem custo, muitos marketeiros sairão nas ruas com sacolinhas abordando pessoas e deixando os comerciais milionários de lado. Dez pessoas alienadas em cada bairro, fazem o mesmo efeito que a rede globo em horário nobre.
Se antigamente o homem lutava para defender seu território, hoje ele não luta nem para defender as idéias que lhes enfiam goela a baixo com o fino objetivo de submeter-los pela sensação de ser o melhor, por estar de acordo com algo que o meio o impõe.
Ser homem hoje não é só ser! é preciso portanto ter!! viver de acordo com padrões pre-estabelecidos que dominam os olharem atentos de quem olha e de quem é olhado.
O homem atual entende o "bem estar social" como algo que vem dentro de uma sacola colorida que sai em sua mão de dentro do shopping center.
Para ser homen nessa condição não se precisa de conhecimento sistematizado, precisa ficar atento ao sensacionalismo, discuti-lo no bar, no trabalho e em casa e dar nossa opinião formada pelo senso comum.
Se é para ser e viver como um boneco de mamulengo eu prefiro voltar a comer raizes...

2 comentários:

Daniele...* disse...

PERFEITO!

Almir Oliveira disse...

Eu vou além do que Dani falou.
O seu texto conseguiu resumir toda incompentecia humana. Toda a sua luta em vã, sem propósitos. E mpstrou a cara sem máscaras dessa capitalista e fútil.
Parabens.