segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Oitiva da atualidade

A violência, a fome e o crime tomaram conta do mundo, atualmente não se sabe onde começa o crime e onde termina o poder público, pois ambos andam de mãos dadas a muito tempo.
A contra-versão sempre existiu na história do homem, basta analisar cuidadosamente a formação histórica das civilizações que entenderemos a gana do homem, por sair na frente a qualquer custo. A grande diferença com a situação atual é que hoje há uma despudorada falta de respeito mutuo, entre contra-versão e poder público instituído, digo falta de respeito porque mais parecem rivais um do outro em disputa por território. A todo momento escutamos através dos veículos comunicativos a divulgação de chacinas, assassinatos, rebeliões, queima de arquivos, tráfico de drogas, corrupção, guerras de gangues, confrontos entre poder público e poder paralelo do tráfico, além de sequestros e todo tipo de violências imagináveis e inimagináveis. A banalização da vida é uma coisa tão presente no nosso cotidiano, que as pessoas referem-se ao poder do crime organizado como se fosse normal uma atrocidade dessas, olhem o que se ouve hoje nos telejornais: Poder público, poder paralelo, crime organizado, força do tráfico, forças públicas, referem-se ao um bando de traficantes de drogas que matam por nada, como CRIME ORGANIZADO, os caras criam partido, comandam rebeliões sincronizadas, assaltos, sequestros, encomendam assassinatos, negociam com políticos, conseguem armamento pesado e criam redes de informantes e informações, que os colocam não à frente das forças públicas, mas atraz deles os observando, corrompendo-os, matando-os e deixando claro que somos vulneráveis e estamos a mercer de marginais organizados, dentro e fora dos parâmetros legais. Chega doer em mim quando escuto nos noticiários os termos "Crime organizado, quadrilha, poder paralelo, PCC e poder do tráfico" é um insulto para humanidade admitir que pessoas vivendo totalmente na contra-versão, estabeleçam regras, ditem normas e caminhem paralelamente com as instituições desfrutando de poder e disputando espaço nas mídias. Parece que o próprio sistema cria marcas para o crime, divulgando dia a dia suas façanhas e aceitando como natural, que bandidos sejam heróis do submundo, glorificados e preenchendo o horário nobre com exemplos de impunidade e fraqueza do poder público falido e desorganizado, enquanto afanadores da intelectualidade humana multiplicam-se, em nome da verdade absoluta. Só ficarei feliz no dia que um jornalista ao invés de dizer: " hoje o poder paralelo do tráfico desafiou novamente as instituições" diga: "Hoje o poder público instituído desarticulou mais uma tentativa de criminosos de se organizarem, frustrando um possível encontro e aliança entre bandidos, e prenderam os idealizadores e principalmente fornecedores, depois de uma investigação rápida que levou os policiais a garantiram a paz em determinada periferia." Só que ao invés disso, a gente ouve a divulgação de como bandidos são poderosos e organizados, que o poder paralelo existe, que são criadas regras de bom convívio na meio da putrefação social, e essas regras e leis paralelas, (olha só que horror,"leis paralelas") ainda são divulgadas para que um bando não invada o território do outro, e assim a rivalidade não desencadeie uma guerra, e todos fiquem em suas casas fingindo que está tudo maravilhoso, a violência está controlada, e aqui ou ali são locais seguros. Ser seguro! olha só que terrível, somos homens e mulheres livres, o mundo é nossa casa, temos nossas cidades e bairros, e precisamos encontrar lugares seguros para viver. Antes fugiamos dos animais, das feras selvagens, agora nos escondemos de nós mesmos, nossa sociedade é tão covarde que ao invés de criar indivíduos pensantes, cria monstros gananciosos formados apartir de exemplos de dentro do próprio sistema, o sistema é tão estripador do social, que dita as regras do bom convívio, mas mostra uma realidade aos seus compatriotas muito diferente da suposta igualdade que prega a todos, quem nunca pensou em ter bens e poder que atire a primeira pedra, que renuncie a tudo ou prove do veneno servido no copo dos desesperados, desesperados por viver em paz, dignamente, sem andar abaixado dentro casa, sem temer levar uma surra de um agente em parada para revista, desesperado por ver seus direitos de ir e vir serem violados por toques de recolher, suas vidas tiradas por balas que não foram perdidas mas sim, partiram da arma de alguém e eliminaram covardemente uma ser humano embora que descamisado. Somos vítimas da negligência estrutural de uma sociedade culturalmente distorcida em seus valores primordiais, colocamos a cada dia nas ruas um monte de cérebros desavisados que partem das salas de aulas para um mundo sem a menor capacidade de refletir, somos como disse o senador C. Buarque DF: "Incineradores de cérebros" e assim comprometemos o futuro do país, do planeta e até a nossa própria existência.

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