Se eu me calo as vezes é apenas para não ser só uma voz, se eu me calo as vezes, seja como for é só um calar, se eu me ausento as vezes não é só ausência é também saudade, se eu sou as vezes o que te incomoda, não quero ser incômodo e nem fazer moda, quero ser caju mas caju tem noda. Se eu sou a tela para o seu desenho, sou também o pó que mancha sua mão, se eu sou a taça, quebrar não tem graça e graça sempre traz perdão. Se eu sou o chão que pizas pra andar, posso ser a pedra que vai tropeçar, tire a pedra e você não vai parar, você vai andando e andando apenas vai chegar.
Se eu fosse um sonho estava em pensamento, se eu fosse o vento sopraria a ti, se eu fosse o ir iria e voltava como vou e volto sou apenas seu. Se o mundo fosse apenas um querer eu queria estar apenas onde estou, se eu sou assim, seja como for, queira apenas isso, nisso vou soprando minha existência, minha decadência faz parte de mim. Não confunda eu com o que você ver, seja como ver, veja e viaje em uma passagem que se vai e vem, se eu sou alguem, pense que porém posso ser ninguém. Se as vezes você se calar, cale mas comigo pode se confabular, quem se esconde mora dentro si próprio sem deixar entrar. Você tem coisas que se ver se sabe, sabendo sempre onde se cabe, que seja hoje igual ao fim, se sou por ti ao menos a metade do que pensas sei que quase nado sou, sei que se fosso fácil, seria apenas ser. Se a luz que te faz conduzir, faz sentir o que te faço sempre, como se fosse algo altaneiro, o verdadeiro sonho construído, segue no rumo que já foi vivido, como se a gente fosse capaz de decidir algo já decidido. Se pensar nisso te faz alterar, altere o tempo que fez tudo mudar, coordene a soma que faz crueldade, torne capaz de se iludir, iluda, porque a paz é sempre miúda, principalmente quando há saudade se há saudade há também verdade.
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